São questionáveis os meus motivos pra não-indicar um filme desconhecido e de pouco acesso. Mas, faço-o por motivos de outra faceta minha. A literária.
John Huston, peça elementar de uma das famílias mais influentes no cinema americano, encerrou sua carreira com o filme, adaptado do conto Os mortos, que está no livro Dublinenses do escritor irlandês James Joyce.
A história: Dublin, capital irlandesa, Dia dos Reis. Após uma grande cerimônia na casa das irmãs Morgan, hospedado em um hotel, o casal Gabriel e Gretta Conroy, discute sobre uma antiga e trágica paixão na adolescência da última, lembrada ao longo do dia por uma música.
Joyce, peça elementar de provavelmente toda literatura contemporânea. Inovador, perspicaz. Não é preciso falar sobre o meu apreço ao mesmo, afinal, aos que me conhecem ou acompanham o blog sabem que o meu twitter é @Dublinenses.
O conto Os mortos, como todos os do Dublinenses, retrata perfeitamente os sentimentos humanos ou os cenários de Dublin no século vinte. Mas nesse conto magistral, narrado de modo refinado porém febril, somos envolvidos em névoas e sentimentos, como se fossemos os personagens e refletíssemos com o barulho da neve oblíqua e branda que cai.
Já o filme, independente de tudo que o componha e mereça destaque, pode ser anulado simplesmente pelo conto, que é imbatível.
Assim, recomendo Joyce, e não o filme.
Ficha técnica
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