terça-feira, 10 de agosto de 2010

"A Origem" traz de volta a preocupação com o roteiro cinematográfico



Atenção: Esse texto contém spoilers indispensáveis para
uma boa crítica do filme. Se você ainda não viu “A Origem”, corra pro cinema, assista e volte aqui.


Dom Cobb é um experiente ladrão, capaz de penetrar no íntimo e infinito universo dos sonhos e, assim, roubar valiosos segredos dos subconscientes das pessoas enquanto elas estão dormindo. A rara habilidade de Cobb o tornou um invejável jogador neste universo de espionagem, ao mesmo tempo em que o transformou em um fugitivo internacional e lhe custou tudo o que ama.

Não é tão complicado assim. Foi o que eu pensei no momento em que o letreiro desceu e as luzes do cinema se acenderam. “A Origem” é, claramente, um filme extremamente seletivo. Não é todo mundo que vai entender e não é pra todo mundo entender mesmo. E isso não é errado e nem “blasé”; Christopher Nolan simplesmente fez um favor à sétima arte ao criar um filme ficcional inteligente e repleto de adrenalina até – realmente – o último segundo de filme. No gênero do drama e da comédia, o século XXI está bem servido de inteligência com longas como “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”, mas o suspense estava carente até as estréias de “Ilha do Medo” e “A Origem”.
Além de seletivo, o filme é extremamente autoral. Bebendo explicitamente de pelo menos uns quatro filmes (como “Matrix” e “Sinédoque Nova Iorque”), Nolan parece ter aberto mão de uma classificação de “cinco estrelas” nas críticas para receber o adjetivo “gênio”, pois, ao complicar – um pouco – a trama, o diretor mostrou ter um pulso firme, característica não encontrada facilmente na época do roteiro comprado e enlatado.
Talvez a única falha do filme, além de ser complicado demais, segundo alguns, é o fato de Arthur, personagem de Gordon-Levitt não ter acordado durante a queda da van. Afinal, ele estava em outro sonho.


Outro acerto é a sensibilidade injetada na história. O drama vivido pelo protagonista com sua falecida mulher passa de raspão pelo piegas, mas é mais um ponto indispensável para o bom funcionamento da trama. A grande responsável para que isso tudo não caísse no óbvio é Marion Cotillard, que, em minha opinião, disputará mais um Oscar. A atriz convence como vilã até o momento em que é revelado o plano falho de Cobb (DiCaprio) para inserir na mente da esposa que a sua vida não passava de um sonho. Além disso, o diretor Christopher Nolan soube lidar muito bem com duas histórias paralelas dentro do mesmo filme, deixando o espectador intrigado para saber o que acontecerá em ambas.


Nolan também acerta na forma como responde as perguntas dos espectadores mais curiosos. Pode parecer trivial, mas colocar os personagens de um sonho em um lugar frio e cheio de neve e Arthur, responsável por outro sonho, em um hotel, é uma cartada de mestre extremamente bem executada e imprescindível para que o filme, inutilmente, não se torne mais confuso do que já parece ser. Seguindo a mesma linha de na composição da cena tirar possíveis dúvidas, mais adiante, na cena do avião, todos entram no sonho de Yusuf (químico responsável pelos sedativos). Isso se torna óbvio quando, já no sonho, uma imensa chuva começa a cair, devido a bexiga do especialista em sedação e, também, por, mais adiante, ele ser quem dirige a van, para manter o controle sobre sua própria história. Além destes exemplos de explicações baseadas na composição de cenas, também temos outra no início do filme quando Cobb explica para Saito os conceitos dos invasores de sonhos. Na verdade, o protagonista está falando com os espectadores para que, mais adiante, quando a equipe de Cobb seda Fischer no avião, não se criem dúvidas sobre sonhos dentro de sonhos e quem é responsável por cada. Toda essa necessidade de explicações é cabível de críticas a Nolan, que pode ter perdido o controle do filme e ter precisado de tudo isso. Talvez. Prefiro acreditar que Nolan quis dar uma chance para aqueles que porventura vão ao cinema apenas em busca de adrenalina e não para ver um filme inteligente.


Sobre o personagem vivido por Ellen Page, além da função extremamente necessária para que a idéia seja implantada na cabeça de Fischer, também o é para o bom entendimento da trama. Ariadne desempenha, mais do que o papel de arquiteta do sonho, o de ponte entre o espectador e o filme, sendo, assim, indispensável para este.
Já Joseph Gordon-Levitt (o inesquecível Tom Hansen de “(500) dias com ela”) é mais do que um ator coadjuvante. É um destaque de “Inception” por aliar o carisma, que já lhe é peculiar, com a frieza necessária para convencer como o braço direito do protagonista vivido por Leo DiCaprio.


Em suma, realmente “A Origem” não é um filme para qualquer pessoa ver. Exatamente por isso, não é um longa qualquer. Desde “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, que reinventou o cinema das adaptações de quadrinhos, sabe-se que a mente de Christopher Nolan é diferenciada das demais tão padronizadas na época do cinema feito para arrecadar. Com um elenco competente, um diretor inteligente e criativo, efeitos visuais MUITO acima da média, como por exemplo as cenas de luta de Joseph Gordon-Levitt no hotel desafiando a gravidade, um roteiro que à primeira vista parece confuso, mas, com uma leitura mais afundo, se mostra fácil e abordando um assunto que todo mundo já pensou um dia e um público que vá para o cinema para ver um filme em todos os sentido desta frase, “A Origem” se torna um filme muito especial para o futuro da sétima arte, podendo ser chamado de “O novo ‘Bastardos Inglórios’” por sua inovação cinematográfica. Em tempos de "Avatar", onde se pensa muito mais nos avanços gráficos, "Inception" cuida meticulosamente do roteiro.

Parabéns, SIR Christopher Nolan


A Origem

Ficha Técnica
Nome Original: Inception
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Ellen Page, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Ken Watanabe, Tom Hardy, Cillian Murphy, Tom Berenger, Dileep Rao, Michael Caine, Lukas Haas, Pete Postlethwaite



Nota: 9,9

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

"Meu Malvado Favorito" é uma bela kibada da Pixar




Num tranquilo e feliz bairro de subúrbio, onde as casas têm cercas com arranjos de flores, há uma única casa sombria e cujo jardim está morto. Os vizinhos não têm conhecimento disso, mas ali se encontra o esconderijo secreto de um vilão assustador chamado Gru, que planeja o maior golpe do mundo: ele vai roubar a Lua. Gru acredita que pode vencer qualquer um que cruzar o seu caminho. Isso até o dia em que conhece as garotinhas órfãs Margo, Edith e Agnes. Elas são as únicas que conseguem ver naquele homem o que ninguém jamais viu: um pai em potencial.


Filha de Chris Meledandri, ex-presidente da 20th Century Fox Animation, a Illumination Entertainment se mostra um pouco cara-de-pau neste seu primeiro trabalho. É bem verdade que, em uma estréia, é sempre tarefa complicada ser criativo e não beber na fonte de ninguém, mas a nova produtora de animações se mostrou com muita sede em “Meu Malvado Favorito”. A história de buscar a lua, o carisma de crianças, o personagem malvado que se torna bonzinho, mas é traído e precisa se retificar, tudo isso a Pixar já fez. E fez muito bem, por isso está no topo há muito tempo. E tudo isso está presente em “Meu Malvado Favorito”. Eu não diria que isso mostra certa incompetência da Illumination, como andam dizendo por aí. Acredito que houve certo conservadorismo da produtora, optando pelo que já é fato que dá certo no ramo das animações ao invés de arriscar em algo novo. Vocês fariam diferente em um mercado que está mais para campo de batalha entre a Pixar e a DreamWorks?
Independente se a história e toda a sua composição não são criativas, o fato é que funcionam. O olhar da menina mais nova, os bichinhos amarelos, tudo se mostra carismático por um simples motivo: É uma receita bem executada. O roteiro é redondinho e certamente irá agradar tanto crianças quanto pais e jovens que, por ventura, estejam de férias e resolvam gastar um tempo no cinema.


É difícil falar dos aspectos técnicos de um filme 3-D quando se mora em Pelotas, mas, como já aconteceu outras vezes, fiz o bom uso de meus informantes. Fui avisado que o 3-D usa bem a questão da profundidade e que a cena da montanha russa coloca o espectador no meio da ação sem precisar jogar coisas na cara. Sobre a cena pós-créditos, onde bichinhos amarelos chamados Mions voltam para brincar com a terceira dimensão, confesso que fiquei irritado com o fato de o cinema da minha cidade não ter essa tecnologia e saí antes do letreiro. Sobre a dublagem brazuca em cabeçada por Leandro Hassun, confesso que não gostei. Não sei se foi problema no som do Cineart, mas em certas cenas não consegui decifrar o que ele falava, devido a uma personificação exagerada da voz.


“Meu Malvado Favorito” é um filme de estréia e, como tal, tem que beber da fonte de outros. A Pixar é uma referência não só de animações como para o Cinema em geral. Não é nenhum crime copiar algo que é genial. Vamos lá Illumination, a gente confia em vocês. Bom começo.

Meu Malvado Favorito

Ficha técnica
Nome Original: Despicable Me
Direção: Pierre Coffin, Chris Renaud
Roteiro: Ken Daurio, Cinco Paul
Elenco: Steve Carell, Jason Segel, Russell Brand, Kristen Wiig, Julie Andrews, Will Arnett, Danny McBride, Jemaine Clement, Miranda Cosgrove, Jack McBrayer, Mindy Kaling, Ken Jeong



Nota: 7,6



terça-feira, 22 de junho de 2010

"Kick-Ass" realmente chuta bundas!


Desculpem, não consegui esperar estreiar em Pelotas.

Cansado de ser invisível em sua escola, o adolescente Dave resolve pôr em prática aquilo que todo jovem nerd sonhou pelo menos uma vez na vida: Ser um super-herói. Porém ele não imaginava que, juntamente com o reconhecimento, vêm as responsabilidades e perigos de ser um justiceiro. Juntamente com Hit-Girl, o Kick-Ass agora precisa combater o crime, como todo super-herói que se preze.

Ultimamente, os filmes de super-heróis têm se tornado um pouco "mauricinhos". Não que isso seja uma crítica, "Homem de Ferro 2", por exemplo, é muito bom. O fato é que não se arriscava muito. Era simplesmente o mocinho que batia no vilão, pegava a mocinha e ia embora com sua consagração. Eis que surge Matthew Vaughn com seu "Kick-Ass", falando não somente do lado glamouroso do justiceiro da sociedade. Fazendo uma crítica a esses filmes, o diretor coloca um jovem nerd que tem em sua mente apenas as coisas boas em ser um super-herói: O reconhecimento entre os seus contemporâneos, a possibilidade de bater em todo mundo, etc. Porém, dando um tapa na cara da caretice moderna, coloca o garoto em situações reais , mostrando que ser um herói respeitado não é tão fácil.
Sobre a violência presente no filme, pela qual Vaughn vem sendo duramente criticado, acredito que é a tal caretice tentando responder ao golpe que sofreu. O diretor trabalha com uma sofisticação à la Quentin Tarantino em seu filme. Dá aquela adrenalina gostosa, mas ao mesmo tempo é extremamente sutil. Segundo ele, todas as empresas que receberam propostas para patrocinarem o filme recusaram por não quererem ter seu nome vinculado a imagem do filme exatamente por ele ser politicamente incorreto devido ao alto índice de violência. Assim, EU comrparia na hora um produto que estivesse pouco se lixando para o lance de o filme ser violento, mostraria atitude da marca. Meio que agora não vou mais comprar tênis Timberland porque a produção teve que pintar o sapato do Kick-Ass por cima do logo no filme e sei que não serei o único. O tiro saiu bem violento pela culatra. Assim, sem dinheiro de investidores e apoio de estúdios, com certeza o projeto ficou mais difícil de ser executado, mas, mesmo assim, está impecável e encantador. Azar de quem não quis ter seu nome vinculado. O fato da atriz Chloë Moretz, de apenas treze anos, particopar de diversas cenas de luta, além de carregar armas para cima e para baixo, sim, pode ser just a little bit condenável, mas, segundo a própria atriz, ela teve um treinamento individual de como controlar uma arma, para não ferir a si e aos outros. E, em termos legais, é preciso retificar que os pais de Chloë estavam 100% cientes das cenas da filha no filme. Em termos pessoais de minha opinião, a menina é extremamente talentosa, DEIXA A MENINA TRABALHAR.
Sobre as atuações, duas chamam extremamente a atenção: Nicholas Cage e a já citada Chloë Moretz. O primeiro quem me conhece sabe de todas as restrições que tenho a respeito dele. Acho um ator frio na maioria de seus papéis, mas em "Kick-Ass", Cage surpreende pelo carisma de seu personagem, o Big Daddy. Fã assumido de quadrinhos, o ator se inspira claramente em Adam West e funciona como há muito não funcionava. Atuou com o coração, como há muito não atuava. Sobre Chloë Moretz, fico até sem palavras. Que talento em apenas treze anos! A menina consegue atuar com personalidade sem parecer aquelas crianças que tentam ser adultos. Já havia me surpreendido com suas poucas cenas em "(500) Dias com Ela" e tenho que dizer; já é uma das minhas atrizes prediletas, por ter um potencial de carisma gigantesco. Não há como falar de Kick-Ass sem falar na Hit-Girl, a garota é indescutivelmente o grande destaque da produção, lembrando muito a Noiva de "Kill Bill", de Quentin Tarantino (olha ele aí de novo!). É uma promessa de grande diva do cinema no futuro. Guardem esse nome: Chlöe Moretz!

"Kick-Ass" faz um bem danado para as adaptações de HQ's. É corajoso, faz pensar e mostra toda a pancadaria que o público para qual o filme fala quer ver. FODA DEMAIS!

Ficha Técnica
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Matthew Vaughn, Jane Goldman, Mark Millar
Elenco: Aaron Johnson, Chloe Moretz, Nicolas Cage, Mark Strong, Christopher Mintz-Plasse, Clark Duke, Evan Peters, Lyndsy Fonseca, Jason Flemyng

Nota: 9,5

domingo, 20 de junho de 2010

Toy Story > Shrek



Os criadores dos adorados filmes Toy Story voltam a abrir a caixa de brinquedos e levam o público de cinema de volta ao adorável mundo de Woody, Buzz e nossa gangue favorita de brinquedos-personagens em "Toy Story 3". Enquanto Andy se prepara para ir para a universidade, Buzz, Woody e seus leais brinquedos estão preocupados com o futuro incerto. Dirigido por Lee Unkrich (codiretor de Toy Story 2 e Procurando Nemo), "Toy Story 3" é uma nova aventura cômica em Disney Digital 3D™ que leva os brinquedos para uma sala cheia de crianças selvagens que mal podem esperar para botar seus dedinhos nesses “novos” brinquedos. O caos está formado quando eles tentam ficar juntos e garantem que “nenhum brinquedo será deixado para trás”. Enquanto isso, Barbie fica cara a cara com Ken (sim, aquele Ken).
"Olha o Andy!", gritou uma menina na hora em que o agora universitário apareceu pela primeira vez na continuação da história dos brinquedos animados. Essa frase da pequena espectadora traduz com perfeição o porquê de "Toy Story" ser a melhor e principal franquia do Cinema de Animação feita até hoje. Não somente pelas altas qualidades técnicas dos três filmes, mas também por uma caracteristica que separa os grandes dos geniais filmes: A capacidade de se tornar inesquecível. "Shrek" pode ter sido muito mais lucrativa - embora o último filme, "Shrek Para Sempre", ter passado longe daquilo que os engravatados do Cinema esperavam -, mas, daqui uns vinte ou trinta anos, Buzz Lightyear e o Cowboy Woody estarão ainda na memória das pessoas, enquanto o ogro verde não é carismático a esse ponto. Aí entramos mais uma vez na rivaldiade Pixar - DreamWorks; enquanto a primeira lançou, entre 2009 e 2010, dois filmes que se tornarão clássicos ("Up - Altas Aventuras" e "Toy Story 3"), a segunda seguiu preocupada com as bilheterias e mostrou-nos "Tá Chovendo Hambúrguer" para ser concorrente do longa sobre o velhinho que sai em busca de aventuras e "Sherk Para Sempre" tentando fazer frente aos simpáticos brinquedos de Andy. O tiro saiu pela culatra e, além de "fracassos" de bilheteria, a DreamWorks amargurou severas críticas a seu tipo de Cinema.
Deixando de lado a parte burocrática dos bastidores das animações, resta-nos falar sobre as qualidades específicas de "Toy Story 3". Não vi o filme em 3-D, mas meus informantes (ui.) já informaram-me que a tecnologia foi utilizada muito mais para aumentar a sensação de profundidade do que para jogar coisas na cara do cidadão. Desta forma, está impecável. Também pudera, o filme foi pensado para o 3-D e filmado desta forma, assim como "Avatar" foi, e não passado para 3-D, como feito com o #fail "Fúrias de Titãs". Não só por estas razões a continuação da saga dos brinquedos de Andy DEVE ser vista em três dimensões (se tu não moras em Pelotas, né); os óculos são imprescindíveis para disfarçar o choro quase inevitável em algumas cenas.
Sobre os personagens novos, eles se encaixaram perfeitamente na trama. Destaques para Barbie e Ken, que arrancam risadas desde a primeira cena em que aparecem juntos. Os outros novatos apresentados previamente pela produção tiveram participação just a little bit discreta, com poucas falas. O porco-espinho Mr. Princklepants, por exemplo, tem grande poder cômico e poderia ser melhor aproveitado. Já o Bebê dá aquela sensação de óbvio e "bem bolado, cara", outro grande acerto da produção.

Prepara o lenço, "Toy Story 3" te fará chorar de emoção e de rir.

Ficha Técnica
Direção: Lee Unkrich
Roteiro: Michael Arndt, Joh Lasseter, Andrew Stanton e Lee Unkrich
Elenco: Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Don Rickles, Wallace Shawn, Estelle Harris, John Ratzenberger, Ned Beatty, Michael Keaton, Kristen Schaal, Blake Clark, John Morris, Laurie Metcalf, Jodi Benson, Timothy Dalton, Jeff Garlin, Whoopi Goldberg, Bonnie Hunt, R. Lee Erme

Nota: 10

terça-feira, 18 de maio de 2010

Um Gladiador perdido no Século XIII



Robin Hood conta a história de um exímio arqueiro, anteriormente interessado somente em sua auto-preservação, a serviço do exército do Rei Ricardo contra a França. Depois da morte de Ricardo, Robin segue para Nottingham, uma cidade que sofre por causa da corrupção de um xerife tirânico e da cobrança exorbitante de impostos, onde se apaixona pela impetuosa viúva Lady Marion (a ganhadora do Oscar Cate Blanchett), uma mulher desconfiada da identidade e dos motivos deste guerreiro da floresta. Esperando conquistar Lady Marion e salvar o vilarejo, Robin reúne um bando cujas habilidades mercenárias letais são igualadas somente por seu desejo aproveitar a vida. Juntos, eles começam a saquear os ricos indulgentes para corrigir as injustiças cometidas pelo xerife. Com o enfraquecimento de seu país depois de décadas de guerra, sofrendo com as regras ineficientes do novo rei e vulneráveis por causa das revoltas locais e das ameaças vindas de longe, Robin e seus homens partem para uma aventura ainda maior. Estes improváveis heróis e seus amigos pretendem proteger seu país de uma guerra civil sangrenta e devolver a glória para a Inglaterra uma vez mais.

Quando o mundo ficou sabendo que um novo filme de Robin Hood viria por aí e que prometia ser diferente de tudo aquilo mostrado até hoje, logo criou-se uma enorme espectativa sobre a forma com que o famoso anti-herói seria abordado. Esse era pra ser o grande encanto do longa. Era. O time de roteiristas contratado concentrou tanto suas atenções em diferenciar Hood que este fica até um pouco irreconhecivel. Um pouco parecido com o que aconteceu com o Sherlock Holmes de Guy Ritchie. A diferença é que Robert Downey Jr tem afinidade com o detetive inglês, no final das contas conseguiu convencer. Russell Crowe tem pouquíssimo a ver com seu personagem. Na pele do ator, Robin Hood ficou mais parecido com um grande Gladiador perdido no século XIII. E isto não é desmérito seu. Crowe desempenha aquilo a que lhe é designado sempre: O papel do macho bravo. Este papel foi bem representado por ele. O do Robin Hood excepcional arqueiro, infelizmente não.

O fato é que o diretor Ridley Scott tem o mesmo mal de Tim Burton. A gente sempre vê pensando que agora vem alguma coisa diferente, pois os dois têm talento o suficiente para encher os olhos dos cinéfilos. Chegando na metade do primeiro terço dos filmes (no momento, "Alice no País das Maravilhas" e Robin Hood") quem conhece o trabalho dos dois acaba falando "Pô, de novo??!". Depois de filmes tão sofríveis como seus últimos, é possível que Scott e Burton resolvam inovar em suas futuras produções. Os dois têm potencial para se reeerguerem após os revezes. Mas essa é a última chace que nós, fãs, daremos.


Ficha Técnica
Nome Original: Robin Hood
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Brian Helgeland, Ethan Reiff, Cyrus Vori
Elenco: Russell Crowe, Cate Blanchett, Max von Sydow, William Hurt, Mark Strong, Oscar Isaac, Danny Huston, Eileen Atkins, Mark Addy, Matthew Macfadyen, Kevin Durand, Scott Grimes, Alan Doyle, Douglas Hodge


Nota: 4,5

segunda-feira, 3 de maio de 2010

"Homem de Ferro 2" não vai decepcionar a ninguém

Depois que o mundo inteiro descobre a "vida dupla" do bilionário Tony Stark, ele passa a ser pressionado pelo governo, pela imprensa e pelo público em geral para que ele revele e divida sua tecnologia com as forças armadas. Contrário à ideia de abrir mão de sua invenção, o Homem de Ferro, juntamente com Pepper Potts e James Rhodes, vai formar novas alianças e enfrentar perigosos inimigos.
Atenção você jovem nerd que, assim como eu, estava fazendo contagem regressiva para a estreia da sequência do herói mais badalado, rico e gente fina dos últimos tempos: Não vá pensando que o filme é AWESOME PORRA. Não. Não é. Algumas cenas do trailer nem estão no filme, inclusive. Porém, também não decepciona. É, simplesmente, aquilo que um filme sobre um herói de HQ se propõe: Mostrar o cara batendo em todo mundo. A verdade é exatamente essa: O filme não é aquela coisa fantástica que os grandes fãs estavam esperando, mas, na verdade, quem está errado são estes últimos, porque, afinal, é uma adaptação de HQ! Não serve pra se tornar um clássico, serve para ver seus heróis favoritos batendo em seus vilões igualmente adorados.

O filme tem as suas qualidades plásticas como uma fotografia legal e um cenário acima da média, além de cenas de lutas BEM boas. Também acerta no humor, dá pra rir bastante, se tu és do público certo para as piadas. Vocês, fãs de Vampiros e/ou Chapeleiros Malucos, esqueçam essa parte. Algumas piadas são de senso comum e em certas cenas existe até um certo tom pastelão, mas, em suma, a maioria é "interna". Outro ponto que reforça a sequência é o carisma dos atores. Principalmente Robert Downey Jr. (consagrado como ator megacarismático) e, surpreendentemente, Gwyneth Paltrow, acostumada a personagens frios como a Margot de Os Excêntricos Tenenbaums. Aliás, em termos de atuação, a loira ganha fácil de Scarlett Johansson. O personagem da última, a Viúva Negra, foi extremamente mal-aproveitado e isto atrapalhou a atuação da moça, fazendo-a parecer um tanto quanto fria em seu trabalho.

Falando sobre os pontos negativos, é inevitável falar do fraquísismo roteiro. O primeiro filme, responsável por apresentar o Homem de Ferro para o grande público, acertou a mão e conseguiu alcançar seus objetivos, enquanto a continuação se preocupou demasiadamente em passar a imagem do herói como O CARA, esquecendo dos outros personagens tão importantes quanto. Além disso, não conta como um acerto, também, a ideia de duas histórias sendo contadas ao mesmo tempo. Nenhuma das duas teve força e ambas se mostraram bastante vagas ao público.

Em suma, "Homem de Ferro 2" é um filme que cumpre seus objetivos: Contar uma passagem na vida de um super-herói de HQ. E não pensem que "comprir seus objetivos" é algo pejorativo. Muitos filmes tentaram fazer mais que o arroz-com-feijão e não conseguiram nem dizer a que vieram. O problema é que a história de Tony Stark poderia ir mais além, o personagem dá essa chance ao diretor. Um desperdício de super-herói que vale a pena assistir.

Ficha Técnica
Nome Original: Iron Man 2
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Justin Theroux
Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Mickey Rourke e Scarlett Johansson e Don Cheadle.

Nota: 8

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Larry David funciona como o Woody Allen de "Tudo Pode Dar Certo"







Boris Yellnikoff (Larry David) é um velho rabugento que tem o hábito de insultar seus alunos de xadrez. Ex-professor da Universidade de Columbia, ele considera ser o único capaz de compreender a insignificância das aspirações humanas e o caos do universo. Um dia, prestes a entrar em seu apartamento, Boris é abordado por Melodie St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood), que lhe implora para entrar. Ele atende ao pedido, a contragosto. Percebendo sua fragilidade, Boris permite que ela fique no apartamento por alguns dias. Ela se instala e, com o passar do tempo, não aparenta ter planos de deixar o local. Até que um dia lhe diz que está interessada nele.
Quem conhece o trabalho de Woody Allen sabe que o diretor costuma "se colocar" em seus personagens, usando-os de porta-vozes de seus sentimentos. Pois bem, em "Tudo Pode Dar Certo", é feita uma abordagem extremamente particular e ácida sobre o ser-humano e seus desejos. Na teoria, ninguém melhor do que Larry David, co-produtor da maravilhosa série Seinfeld, para interpretar o protagonista desta abordagem, restava apenas a comprovação na prática. E deu certo. David tem alguns problema quanto a naturalidade da interpretação, mas é nítida a sua afiação como o Woody Allen da vez. Ponto para o diretor.Outro acerto do longa é a quebra da quarta parede que ocorre em diversas situações, quando Boris resolve fazer um comentário com quem está assistindo sobre o que está acontecendo na cena. Arriscado, ainda mais com um ator limitado em alguns quesitos. Mas deu certo, Larry David soube se virar muito bem no diálogo com o público e estes momentos marcam o filme. Dois pontos.

Por último, vale ressaltar o ótimo time para comédia e química entre o protagonista e a mãe de Melody. Claro que o texto extremamente bem escrito por Allen é meio caminho andado, mas de nada adianta sem atores competentes o suficiente para interretá-los de uma maneira que garanta 100% do humor. Pena que esse bom entrosamento não é aproveitado em mais vezes durante o longa.

Com um texto refinado e de primeira categoria, Woody Allen acerta mais uma vez a mão em sua volta às comédias nova-iorquinas. Quem assistir, provavelmente sinta alguns tapas de luva dados pelo rabugento protagonista, mas ouvir umas verdades é bom de vez em quando. Assistir a um Woody Allen é bom sempre.

Ficha Técnica
Nome Original: Whatever Words
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley, Conleth Hill, Michael McKean, Henry Cavill, Jessica Hecht, John Gallagher, Carolyn McCormick, Christopher Evan Welch

Nota: 9,2